sábado, 7 de fevereiro de 2015

É preciso desapegar

Perdi minha mãe no dia 10 de dezembro do ano passado e as vezes, naturalmente, me dá crises de desespero pelo fato de não mais poder abraçá-la ou quando penso que ela não vivenciará comigo meus momentos de alegria e tristeza, ou seja, não receberei mais o insubstituível colinho de mãe. 

Mas é necessário aplicar o desapego. Não que signifique ''esquecer'', claro, mas ter em mente que a morte faz parte de um ciclo natural da vida de todos e que o Espiritismo está aí para nos confortar. E principalmente carregar com a gente boas lembranças, boas risadas, bons gestos e tudo que te faz sentir saudade de um modo saudável. É preciso ser amigo da saudade. Se rebelar e se tornar inimigo dela só piora a situação. A partir do momento que temos a saudade como nossa parceira, a dor suaviza, a saudade fica boa e o sangramento interior vai cessando. 

Minha mãe teve câncer no osso da perna, sentia fortes dores, fez quimioterapia, foi preciso amputar (ela lidou com isso de forma tranquila). Depois disso o tumor se extinguiu, comemoramos. Semanas depois reaparece no pulmão, costela nas proximidades da bacia. Não havia mais o que ser feito. Ela sobreviveu por 2 anos com câncer, e mesmo com tamanho problema sempre me priorizou na condição de filho. Super mãe, super preocupada, super coruja. Foi uma guerreira. Só quem convive com pessoas com câncer sabe do que estou falando. 
Tenho apenas 18 anos e pra mim está sendo muito difícil, mas como diz o título, é preciso desapegar. Não dela, mas das coisas que a fizeram sofrer e do fator egoísmo. Egoísmo? Vou explicar. 

Quando perdemos alguém sempre pensamos no fato de que a pessoa nos deixou e o que será de nós sem a pessoa e etc. Sim, é egoísmo! Não paramos para pensar nas condições individuais da pessoa em questão, apenas priorizamos nossas saudades, nossas dores, nossas faltas, enfim, e esquecemos do mais importante: que a pessoa necessita descansar de tamanho sofrimento que vive na Terra. E isso é que vem me mantendo firme quando inevitavelmente minha mãe vem a minha cabeça de forma abrupta. 

A todos os leitores que perderam suas mães, antes de mais nada quero dizer que sei exatamente o que sentem, e é horrível. Mas tentem usufruir esta prática do desapegar. 

Desapegar, sim!
Esquecer, jamais!
Amar, sempre! 

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