segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Glória Pires, o grande destaque do Oscar 2016

Ontem rolou a premiação mais importante do cinema mundial e Glória Pires foi a atriz convidada para comentar ao vivo na Globo. Ocupar a cadeira que já foi de José Wilker não era para ser uma tarefa fácil. Mas Glorinha tornou sua vida muito mais complicada ao não fazer seu dever de casa.
Ela não assistiu aos filmes, não estava muito aberta ao diálogo e praticamente respondeu todas as perguntas da apresentadora Maria Beltrão com “bacana”, “legal” e “gostei”. Se tivesse um Oscar para pessoa monossilábica, ela teria saído de lá com a estatueta.
Acompanhe agora os 10 melhores piores momentos de Glória Pires comentarista do Oscar:

Quando foi questionada se estava animada para os prêmios da noite, Glória Pires foi categórica:
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Há controvérsias, Glória…

“Glória, quem você acha que leva o prêmio de filme do ano?”png 01

Ah, não precisa falar dos filmes do Oscar quando você está comentando o Oscar na TV, né? Ou será que precisa?

Além de ser ruim de previsões, ela também não é muito boa em coisas que ela nem precisava prever. Era só ter lido a lista de indicados a melhor filme, para evitar dizer que torcia para “Trumbo”, que não estava indicado na categoriapng 03

Sobre a música “Writing’s on the wall” de Sam Smith para o filme 007 contra Spectre, que levou a estatueta por melhor canção original, ela inovou:png 02

Médio. Nem muito, nem pouco. Gênia!

Essa com certeza foi a frase da noite! Lady Gaga concorria também na categoria de melhor canção original, mas Glória não se sentiu capaz de opinar se a cantora levaria o prêmio pra casapng 07

Sobre a animação brasileira “O Menino e o Mundo”, ela respondeu o que todo mundo já tinha percebido desde o começopng 10

E quando “O Menino e o Mundo” perdeu para a animação “Divertidamente”, perguntaram o que ela achou da decisão da Academia…

Jura????

Após a sexta estatueta de “Mad Max”, ela resolveu se pronunciar e responder com mais de uma palavra o que ela achava do filme:
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Pra ter levado 6 estatuetas, eu arrisco dizer que o filme deveria ser mesmo ótimo. Agora se foi justo, isso aí é com a Glorinha.

Sobre o prêmio de efeitos visuais para “Ex-Machina”, ela decidiu filosofar, falar bonito e ser um pouquinho mais substancial png 09

A ideia era essa mesmo, Glória! Mereceu o prêmio de efeitos especiais então, né?

E sobre o grande prêmio da noite, o filme “Spotlight” levou a estatueta de melhor filme pra casa. A reação dela:
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Bom de assistir, acessível e interessante. Tudo o que os comentários de Glória Pires não foram.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

15 curiosidades dos supermercados que você não sabia

Ninguém escapa dos supermercados, por isso é sempre bom saber daqueles segredinhos que os proprietários não querem que você que você saiba. 

1. Você for em um supermercado por causa de uma promoção e não tiver mais o produto, saiba que é obrigação do supermercado te oferecer uma alternativa pelo mesmo preço.
 
Enquanto um estabelecimento comercial estiver anunciando suas promoções, o mesmo é obrigado a ter os produtos referentes no estoque enquanto estiver no horário comercial.


2. Nunca esqueça: Os produtos que estão próximos de vencer a validade são colocados na frente nas prateleiras.

O ideal é sempre procurar pegar itens no fundo da prateleira, principalmente se você não for consumir aquilo logo. Além disso, é claro que você deve estar sempre atento à validade do produto.


3. Certas promoções são “compensadas”: ou seja se a cerveja está em promoção, é bem provável que a carne do churrasco vai estar mais cara.

Nenhum mercado colocará para perder, saiba disso.


4. As prateleiras de baixo são direcionadas às crianças, por isso produtos mais caros que chamem a atenção delas costumam ficar por ali.

E os pais que pagam o pato por toda incomodação que isso causa.


5. Fique esperto, aquele papo de “compre 1, leve 2” pode não ser bem assim.

Não se permita iludir. Sabemos que esse tipo de promoção faz os olhos brilharem, mas não podemos nos deixar levar, sem antes averiguar.


6. Produtos com preço errado não são culpa da pessoa que está no caixa.

Os preços estão em um sistema.


7. Fique atento ao produto que está consumindo. Sucos, refrigerantes e outras bebidinhas geladas geralmente estão mais próximas da data de vencimento.

 Se você não for beber na hora, opte pela bebida quente.


8. Se um funcionário dar o troco errado, avise-o. Pois ele provavelmente irá pagar pelo dinheiro a mais que te deu.

Dependendo do valor, o funcionário terá que pagar pela sua desonestidade.


9. Não há problemas em perguntar para um funcionário onde está um produto que você não encontrou.

É bastante fácil e rápido pesquisar no sistema da loja se eles tem o produto em estoque.


10. É verdade, alguns supermercados realmente trocam a data de validade dos produtos.

 É lamentável, mas se você comprou um produto com mais de uma etiqueta, alterado ou vencido, segundo o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor você tem até 30 dias para reclamar.


11. Por esse motivo, no caso de frios, opte por itens embalados pelo fabricante ou fatiados na hora.

Preste muita atenção, pois eles podem estar com o adesivo de marcas mais conhecidas ou já terem sido embaladas mais de uma vez, com outras datas de validade.


12. O mesmo vale para a carne moída, já que as bandejas podem ter até pedaços de carnes estragadas na mistura.

É assustador, mas real. Alguns supermercados misturam retalhos de outros cortes e até mesmo de carnes vencidas nas carnes já embaladas. Ou seja: é melhor aguentar a fila do açougue.


13. Tenha em mente que a diferença de preço e de peso entre produtos congelados e resfriados não é relevante assim, por isso prefira congelados se você não for cozinhar logo.

Os produtos resfriados sofrem mais do que os congelados, embora os cuidados de armazenamento de ambos sejam basicamente os mesmos.


14. Não deixe de olhar a notinha enquanto estiver no caixa, porque algum item pode ter sido registrado duas vezes por engano.



15. Nunca deixe de lavar aquilo que você comprou antes de armazenar, pois os ratos e baratas são mais frequentes nos depósitos do que você gostaria de saber.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Brasileiros se revoltam com ovos da Garoto a U$1,99 nos EUA. Há também outras marcas. Brasil: país dos trouxas!

O brasileiro Luciano Dias, de 35 anos, publicou uma imagem que está dando o que falar nas redes sociais: ovos de Páscoa da Garoto sendo vendidos a 1,99 dólar em um supermercado de Boston, nos Estados Unidos. Mesmo com a alta da moeda, o custo é de cerca de R$ 8 pelo produto de 215g, que sai por aproximadamente R$ 30 nas lojas brasileiras. Isso quer dizer que, por lá, o chocolate fabricado no Brasil está 73% mais em conta. A foto que Luciano postou foi compartilhada mais de 34 mil vezes no Facebook até esta tarde, além de diversos comentários revoltados sobre a imensa diferença de preço e a inflação no Brasil.
— Estou assustado. Pessoas do mundo todo estão mandando fotos de ovos de Páscoa. No Brasil, tudo tem muitos impostos. Aqui (em Orlando), a gasolina custa 45 centavos por litro — explica o produtor de TV, que mora na Europa, mas está passando dois anos em Orlando, nos Estados Unidos, para estudar.

Consumidores comparam preços cobrados no Brasil e EUA

Outro flagra publicado pelo paulista de Jundiaí foi o anúncio de ovos de Páscoa Kinder Ovo por 2,50 dólares (cerca de R$ 10), 81% mais barato do que em supermercados cariocas, onde o chocolate é encontrado por R$ 54,99.
Fotos foram tiradas em supermercados americanos
Fotos foram tiradas em supermercados americanos Foto: Arquivo pessoal
Há também uma montagem que compara o ovo de Páscoa KitKat vendido por uma libra (cerca de R$ 5,47) na Inglaterra e ofertas de ovos em mercados no Brasil.
Montagem mostra a diferença de preços
Montagem mostra a diferença de preços Foto: Reprodução do Facebook
Segundo Luciano, seria impossível comprar presentes de Páscoa no Brasil:
— Eu tenho 17 sobrinhos. Imagina gastar quase R$ 1 mil em ovos de Páscoa. Isso é só para milionário — opina.
Para ele, o preço de 1,99 dólar foi adotado como uma grande promoção, com produtos perto do prazo da validade:
— Mas aqui é normal. Ano passado paguei 9 dólares pelo Ovo Sensação, da Nestlé, de 450 gramas.
Procurada, a Garoto esclareceu que os itens não foram fabricados para a Páscoa de 2016 e destacou que “não interfere no preço praticado”. Já a Kinder acrescentou que o preço dos produtos acompanham "as características de mercado de cada país".
Confira as notas na íntegra:
“A Chocolates Garoto informa que este item, ovo de páscoa Garoto 215g ,não foi produzido para a campanha de 2016, conforme o registrado na foto. A companhia não comercializa seus produtos diretamente para o consumidor e sim para estabelecimentos parceiros, sendo assim não interfere no preço praticado por eles. A Chocolates Garoto entende que cada ponto de venda possui autonomia e critérios próprios para definir seus preços, inclusive com liberdade para oferecer promoções durante e pós Páscoa. Além disso, o preço de cada estabelecimento é definido com base em diversos fatores, entre eles a carga tributária aplicada em cada país.”
"“Kinder é uma marca desenvolvida para as crianças, preocupada não somente em oferecer delicias pensadas para as suas exigências, como também construir uma relação de confiança com os pais. Kinder tem como prática seguir o posicionamento de preço de seus produtos acompanhando as características de mercado de cada país.”


FONTE: EXTRA.GLOBO.COM
Consumidores comparam preços cobrados n


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

SERVIÇO MILITAR OBRIGATÓRIO EM UM PAÍS DEMOCRÁTICO? DIGA NÃO!

18 anos. Idade temerosa para grande parte dos rapazes adolescentes. O ano que marca sua passagem para a maioridade é o ano do famigerado alistamento militar. Os meses em que os escritórios militares estão abertos para os pré-alistados dão medo no jovem. Medo de ter sua liberdade, juventude, vida de estudos e até direitos políticos suspensos por um ano que parecerá não ter fim. De ser temporariamente convertido de moço vivente a um robozinho orgânico, movido por ordens gritadas, a empunhar máquinas manuais de matar. Algo que para muitos dá calafrio, suores, tremores, angústia, talvez até lágrimas.
Seu sentimento aversivo faz todo um sentido. Porque, afinal, não são todos que querem sujeitar-se à perda temporária de sua mocidade pela obrigação de forjar um patriotismo calcado em armas e comandos de ações que se destinam a um hipotético cenário de derramamento generalizado de sangue. Porque o Estado brasileiro obriga todos os homens completando 18 anos no ano corrente, independente de sua posição ética e política sobre o modus operandi militar, a  guardar a vida no baú para aprenderem a “arte” da morte.
Para milhões de garotos adolescentes brasileiros, é assustadora a realidade em perspectiva. Acordar cedinho, vestir o uniforme de recruta, fazer exercícios, marchar, manipular armas, treinar ações de batalha, fazer gincanas não lúdicas… Tudo sob ordens gritadas. Tudo é comando, é ordem, é mandamento, deve-se obedecer sem que se ouse questionar nada. Tais como autômatos sem consciência remotamente controlados, têm que aceitar todos os ditames do quartel, dos ditos “superiores”.
A consequência para recusas, questionamentos, exposições de dilemas éticos, discordâncias políticas, indagações em voz alta do tipo “por que estou aqui, por que tenho que estar neste lugar?” é o grito humilhante do “superior” mais próximo, a lembrar que o rapaz ali não é nada fora uma mera “unidade”, algo comparável a um boi de pele marcada a ferro quente transformado em “cabeça de gado”. E, em último caso, a prisão militar.
Para piorar a situação desses meninos, seu confinamento no quartel cassa temporariamente, além de suas liberdades civis, até seu status de cidadãos dotados de direitos. São proibidos de protestar, reivindicar direitos, almejar coletivamente soldos mais altos e condições mais dignas de serviço, sob pena de prisão. Mesmo o voto, a participação no mais importante fenômeno periódico da democracia brasileira, as eleições, lhes é vedado.
É como se tivessem sido empurrados para a última região do Brasil dominada pela velha ditadura, para uma zona onde falar em direitos, liberdade e democracia é estritamente proibido e tudo o que lhes é “permitido” é calar, aceitar, obedecer, seguir ordens, usar armas. Daí o terror juvenil de tantos de vislumbrar um futuro de servidão forçada, análoga à escravidão. Ser empurrados, ironicamente pela mesmíssima carta magna que deixa claro que o Brasil é um Estado Democrático de Direito, a uma zona onde o ser humano nada mais é do que propriedade do lado fascista desse Estado.

Pode-se fugir disso? Hoje em dia é possível porque que os selecionadores de recrutas atualmente costumam perguntar quem quer servir e quem não quer. Aqueles que não aceitam alugar sua liberdade e direitos por um soldo mixuruca são considerados contingente excedente e são dispensados. Mas muitos, sem conhecer essa aliviante forma de se esquivar de doze meses de servidão, ficam com o medo estampado no calafrioso corpo até essa pergunta lhes ser feita.
Porém, apesar dessa oportunidade de escapar da servidão militar, há ainda mais uma obrigação, bastante inconveniente eticamente, nesse sombrio rito de passagem de maioridade imposto pelo Estado brasileiro a todos os homens: o juramento à bandeira. Para aqueles que querem servir ao corpo militar, entregar temporariamente sua humanidade e sua cidadania, o juramento cívico é válido, pois é firmar o compromisso que passam a ter com o Estado de seu país. Já para os aliviadamente dispensados, ser obrigado a isso não faz nenhum sentido.
Aí nós nos perguntamos: por que alguém que nunca mais vai voltar a pisar num quartel precisa “jurar” que vai “cumprir rigorosamente as ordens das autoridades a que estiver subordinado, respeitar os superiores hierárquicos, tratar com afeição os irmãos de armas [sic], e com bondade os subordinados”, se jamais vai fazer nada disso? E o pior, qual a necessidade, teórica ou prática, do dispensado, do militofóbico, do indivíduo 100% civil, de “jurar” defender “com o sacrifício da própria vida” o país onde vive?
Por que somos obrigados a esse constrangimento de mentir à bandeira, de trair a nossa convicção de detestar a vida militar e desejar jamais viver sequer um segundo dentro de um quartel empunhando um objeto feito para causar sofrimento e morte?
E mais: e quanto aos moços que são eticamente contrários à existência de corpos militares, de organismos dedicados a fazer o Estado prevalecer na base de sangue e dor? Que adorariam, mais do que tudo em suas vidas, mostrar às Forças Armadas que rejeitam totalmente a ideia de sequer pisar em quartéis?
Teoricamente podem apresentar uma objeção de consciência, um atestado de que se recusam a aceitar a ideologia do “civismo” calcado nas armas e na violência. Mas no Brasil isso é tão complicado que apenas uma quantidade contável numa mão de felizes rapazes conseguiram esse feito até hoje. O primeiro deles, chamado Caio Maniero D’Áuria, ainda teve que lutar durante quatro anos e oito meses para sua convicção ética triunfar sobre a arbitrária imposição do serviço militar masculino.
Caio teve que sofrer a negligência dos grupos anarquistas e redigir uma carta explicando detalhadamente por que o Movimento Humanista, única ONG que acolheu sua causa de não trair a consciência tendo que mentir à bandeira, conflita com a ideologia militar da violência patriótica. Isso tomou quase cinco anos de sua vida, até que se tornou enfim o primeiro brasileiro objetor ético-político de consciência a vencer a luta contra a servidão militar obrigatória.
Mas, apesar da histórica vitória de Caio, mesmo hoje, dois anos depois do triunfo dele sobre a opressão militar, atualmente os jovens brasileiros aflitos com a perspectiva de poderem ser obrigados à submissão no quartel ainda encontram muito pouco apoio na internet. O site pelo qual Caio conheceu sua salvação não existe mais. Pouquíssimo é o conteúdo online brasileiro dedicado a criticas e ativismo contra o serviço militar obrigatório. Mesmo as ONGs humanistas seculares brasileiras não abraçam a causa ainda.
Além disso, as Forças Armadas daqui obrigam o objetor ético de consciência a ser filiado a uma ONG juridicamente constituída, cuja ideologia se oponha frontalmente à servidão dos quartéis, aos fundamentos filosóficos da força militar e à obrigatoriedade do alistamento. E justamente faltam ONGs que sirvam a esse propósito. E grupos anarquistas não se sujeitam a essa exigência, recusando registrar CNPJ no Estado que tanto repudiam. Ou seja, vai demorar para aqueles que se inspiram em Caio D’Áuria obterem êxito.
E, enquanto isso, mais e mais jovens de 17-18 anos são empurrados para o alistamento pelo mesmo Estado que diz defender a liberdade e a democracia mas as rouba temporariamente deles. Vivem o constrangimento por uma obrigatoriedade totalmente antidemocrática que atenta contra as liberdades civis e individuais. E o medo de passar um ano vivendo como marionetes armadas, cujas cordas manipuladoras são substituídas por comandos, gritos, coações e normas draconianas. Como seres desprovidos de direitos, vontade própria, interesses particulares, prazeres, desejo de viver.
A vida do rapaz sob o serviço militar em si é algo que não combina com os ideais da paz, da liberdade e da democracia universais, mesmo quando alguém (é influenciado, não obrigado, a) aceita(r) optar por isso. Sendo obrigatório, então, torna-se um atentado aos direitos humanos, um resto de fascismo num país dito democrático.
Faz-se mais que necessário, assim, que as ONGs humanistas brasileiras comecem o quanto antes a lutar contra esse problema que se chamaserviço militar obrigatório, pela libertação dos rapazes brasileiros. Que ofereçam aos jovens homens suporte para objeções ético-políticas de consciência e busquem formar uma frente de pressão para, pelas vias políticas, acabarem com essa injustiça totalitarista que tanto medo e apreensão planta nos adolescentes brasileiros em passagem para a maioridade.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

ESPECIAL: Ciência Espírita

Você sabe como é estar morto?

Muita gente sabe: as milhares de pessoas que passaram por uma parada cardíaca e foram ressuscitadas logo depois. O intrigante é que boa parte volta com alguma história para contar: enquanto o coração estava parado, elas se enxergaram fora do corpo. Observaram tranquilamente a sala de cirurgia, enquanto os médicos tentavam trazê-las de volta à vida.

Para alguns cientistas, isso é uma evidência séria de que a mente, consciência, é uma entidade que não depende do corpo, do cérebro, para existir. Em português claro: que aquilo que as religiões chamam de "alma" é mais do que uma questão de fé, mas uma realidade científica. Há vários brasileiros entre esses pesquisadores. Inclusive na USP, a maior universidade do país. Vamos conhecer o trabalho deles.
Abadiânia, interior de Goiás. As cenas insólitas se sucediam: João de Deus, um autodenominado "médium de cura", inseria uma pinça do tamanho de uma tesoura grande por dentro do canal do nariz de um homem, fazia uma incisão com bisturi na barriga de outro e passava objetos cortantes sobre os olhos de duas pessoas. Tudo sem anestesia.
Isso não é novidade nem para você nem para ninguém. O mais surpreendente ali era um texto afixado na parede. Era um artigo científico, intitulado "Cirurgia espiritual: uma investigação". Entre seus autores estavam membros das faculdades de medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora e da USP. Eles haviam acompanhado algumas cirurgias espirituais e avaliado os pacientes. Os acadêmicos concluíram que as intervenções e cortes não eram truques de ilusionismo. O que chamava mesmo a atenção era a proposta dos pesquisadores. Eles defendiam a necessidade de mais investigações sobre o "mundo espiritual". Eram médicos e psicólogos usando a ciência para estudar algo que sempre fora classificado sob a rubrica "Acredita quem quiser".
Dr. Fenwick era cético até conhecer um paciente traumatizado por ter visto o que acontece após a morte.

Boa parte dessa vertente científica surgiu no Departamento de Psiquiatria da USP. Lá foi fundado em 1999 o Programa de Saúde, Espiritualidade e Religiosidade (ProSER), que se dedica justamente a examinar os efeitos da religião na saúde das pessoas, como no caso das cirurgias mediú­nicas. O chefe do Departamento de Psiquiatria da USP, Eurípedes Miguel, explica o trabalho: "A medicina está se movendo de um eixo (que tinha como meta combater a doen­ça) para outro (que privilegia a promoção da saúde)", diz. "Estamos interessados em qualquer método que possa ajudar as pessoas, mesmo que fuja aos nossos padrões."

ciência espíritaIlustração: Patrick Melgaço

Frederico Leão

Psiquiatra da Universidade de São Paulo (USP)
Pesquisa a eficácia de terapias mediúnicas

A coisa, porém, vai muito além disso. Uma das pesquisas do ProSER foi a de Frederico Leão. Ele buscou mensurar os efeitos das sessões mediúnicas sobre os internos de uma instituição espírita onde trabalhava como psiquiatra. O lugar abrigava pessoas com retardo mental e semanalmente voluntários espíritas realizavam sessões mediúnicas. Nelas, os médiuns diziam incorporar a consciência dos pacientes (embora estes continuassem vivos e abrigados em outras dependências).
"Encarnada" no médium a "alma" do paciente falaria pela boca dele, externando seus problemas emocionais. E a coisa funcionaria como uma espécie de terapia. Para a maioria dos cientistas, uma coisa dessas soaria como um espetáculo circense, uma farsa. Mas não para Leão. Ele quis saber se aquilo dava resultados. Então submeteu os internos a uma avaliação de seu estado geral. Leão observou 58 supostas comunicações durante as sessões mediúnicas por 6 meses. E chegou a uma conclusão nada convencionalcolocara: 55% dos pacientes que tinham passado pela terapia espírita apresentaram alguma melhora em seu estado mental depois do tratamento, contra 15% dos que não tinham passado.
Trata-se, é claro, de uma avaliação subjetiva, que leva em conta as deduções do pesquisador, que não podem ser medidas por aparelhos. Outro médico poderia ter outra opinião. Mas tratava-se de uma pesquisa científica de fato, tanto que ela foi publicada na própria revista do Instituto de Psiquiatria da USP, a mais conceituada do gênero no país. Desde 2008 Leão é médico no Instituto de Psiquiatria da USP e o atual coordenador do ProSER.
Para os críticos, no entanto, o fato de pesquisas como essas serem aceitas por uma revista científica da universidade não atestam nada. "Mesmo as melhores publicações deixam passar estudos de qualidade duvidosa", diz o matemático e psicólogo André Luzardo, presidente da Sociedade Racionalista da USP, uma organização que defende o cetismo.
Outro nome forte na ciência da espiritualidade é o do psiquiatra Alexander Almeida. Ele foi um dos autores daquele estudo sobre as cirurgias de João de Deus e hoje trabalha na Universidade Federal de Juiz de Fora coordenando o Nupes (Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde), onde segue desenvolvendo suas pesquisas. Uma delas, inclusive, em conjunto com uma estrela internacional da ciência do além, o inglês Sam Parnia, que estuda as chamadas "experiências de quase morte" - EQMs, no jargão dos pesquisadores.

Vida após a morte

Quando o coração para, o fluxo sanguíneo e os níveis de oxigênio no cérebro caem para quase zero em instantes. Nos próximos 10 ou 20 segundos as máquinas de eletroencefalograma não mostram nada além de uma linha reta. O cérebro não funciona. Fim.
Mas a morte tem volta. Graças aos desfibriladores, médicos podem ressuscitar pacientes que tiveram uma parada cardíaca no leito do hospital. E não falta quem volte desse estado com memórias vívidas.
O roteiro é sempre parecido. E bem conhecido. Depois de ressuscitado, o paciente diz que observou o próprio corpo do lado de fora, como se estivesse no teto do quarto do hospital, enquanto os médicos aplicavam as descargas elétricas do desfibrilador. Então eles se sentem "puxados" lá para baixo.
E voltam à vida.

ciência espíritaIlustração: Patrick Melgaço

Sam Parnia

Cardiologista da Universidade de Southampton, Inglaterra
Coordena a maior pesquisa da história sobre a existência de espíritos
 
Intrigado com essas histórias, Parnia bolou um projeto para testar a veracidade delas. Em 1997, conseguiu a autorização do Hospital Geral de Southampton, onde trabalha como cardiologista, para emplacar a pesquisa. A ideia era conversar com todos os sobreviventes de paradas cardíacas do hospital, durante um ano, para saber se haviam passado por algum momento lúcido durante a morte clínica. E o principal: o médico instalou 150 placas pelo hospital, com sinais, textos e desenhos virados para cima, posicionadas de tal maneira que apenas alguém localizado no teto poderia ler. Assim, caso um paciente contasse o que havia na placa, a experiência fora do corpo estaria comprovada.
Parnia contou com a ajuda do mais célebre entre todos os que estudam o além, o neurologista Peter Fenwick. O inglês é o homem que tornou as EQMs assunto de mesa de almoço de domingo pelo mundo.
Dr. Parnia quer colocar placas com mensagens para espíritos em hospitais do mundo todo. Objetivo: provar que a alma existe.

Fenwick era cético até 1985, quando, durante seu trabalho no hospital Maudsley, em Londres, teve que atender um paciente que demonstrava ansiedade extrema. O homem contou que durante uma cirurgia de cateterismo sofreu uma parada cardíaca. Enquanto os médicos tentavam ressuscitá-lo, sentiu-se puxado para fora do corpo e, do teto do quarto, pôde observar a movimentação. De repente, percebeu que estava de volta à cama do hospital. A experiência fora tão marcante que desencadeou a crise de ansiedade. "Até ter essa conversa, achava que essas coisas só aconteciam na Califórnia", brincou o médico (o estado americano sempre foi a capital mundial do consumo de alucinógenos).

Mesmo não acreditando em experiências de quase morte, Fenwick começou a buscar mais relatos. Conseguiu algumas dezenas, como o do inglês Derrick Scull. Major aposentado do exército, pai de dois filhos e funcionário de uma respeitada empresa de advocacia, tinha todas as credenciais de uma pessoa centrada e nada mística quando passou por uma experiência que mudou suas crenças. Em 1978 ele sofreu um enfarte e, após ter recebido os primeiros socorros, foi deixado numa cama de UTI. Durante a parada cardíaca, sentiu-se sair do corpo. Do canto esquerdo do teto, pôs-se a observar o próprio corpo, e reparou que estava vestido com um robe e uma máscara contra contaminação. Ao mesmo tempo, foi capaz de enxergar a esposa falando com a enfermeira, e percebeu que ela estava vestida com um tailleur vermelho. Depois, encontrou-se de novo deitado na cama. Percebeu que a esposa havia entrado na UTI e que ela estava vestindo a mesma roupa que ele havia visto "de cima". Fenwick apresentou esses relatos num documentário da BBC em 1988. E a partir dali os elementos mais comuns das EQMs, como a sensação de sair do corpo, entraram para o folclore moderno.
Parnia também colecionou histórias que pacientes lhe contavam, como a de uma mulher que, enquanto estava na forma de fantasma no teto da sala de cirurgia, viu o médico esbarrar num carrinho com instrumentos cirúrgicos, fazendo-o deslizar pela sala e se chocar contra uma parede. No dia seguinte, quando contou a ele sobre os incidentes com o carrinho, ele achou que alguma das enfermeiras tinha contado a história à paciente. Segundo ela, não tinha.
Naquela mesma época, outros médicos tocavam projetos parecidos com os de Parnia. Na Holanda, o cardiologista Pim van Lommel também estudava histórias assim. Lommel conheceu a de um homem que, em estado de coma profundo e com uma parada cardíaca no meio do processo, viu de fora do corpo a enfermeira retirar a dentadura dele e colocá-la em um carrinho especial. Uma semana depois, em fase de recuperação, ele voltou ao hospital e reconheceu uma das enfermeiras. Lembrou-se de que fora ela quem tinha retirado seus dentes e os colocado em um carrinho, com garrafas em cima e uma gaveta embaixo. Para a surpresa da enfermeira, apesar do coma, o paciente descreveu com detalhes a sala e as pessoas que participaram da operação.
Seja como for, isso são só relatos. Acredita quem quer. Justamente por isso, Parnia e Fenwick resolveram dar um passo adiante da simples coleta de casos e partiram para a experiência com placas.
Mas os resultados não foram animadores. A dupla registrou 63 ressuscitações, mas nenhum desses pacientes disse ter viajado para fora do corpo. Então as placas ficaram à toa, sem leitores em potencial.

Outro lado

Para os céticos, o resultado não poderia ser outro, mesmo que houvesse uma EQM. A maior parte dos pesquisadores entende que elas não passam de uma confusão cerebral. No momento de uma parada cardíaca, a perda de oxigênio faz com que a massa cinzenta deixe de distinguir realidade e fantasia. Ela entra em pane. Balançada pela desordem, recorre à memória de curto prazo para compreender a situa­ção. Então se depara com cenas que acabou de registrar, como a própria sala de cirurgia. A partir daí, tenta reconstruir o que está supostamente acontecendo naquele momento. Imagina o atendimento médico, a sala de operação. Então a memória nos prega uma peça. Todas as nossas lembranças registram uma visão panorâmica, como uma imagem de filme, em terceira pessoa, criando a sensação de estarmos fora do próprio corpo - quando você se lembra de um momento do passado, não visualiza exatamente o que os seus olhos registraram; enxerga o seu corpo na cena. Do lado de fora. Você se vê de costas, de lado, de frente... O cérebro é um diretor de cinema. E o seu corpo, o protagonista.
Portanto, em meio à confusão de uma parada cardíaca, a mente enxerga todas as recordações (e recriações) recentes como imagens do presente. Atribui a elas o rótulo de "realidade". É por isso que os pacientes relatariam as cenas de ressuscitação como se estivessem no teto do hospital. A experiência fora do corpo seria apenas um modelo de memória do cérebro - só que tomado como real.
Alguns pacientes contam detalhes específicos, como o caso da mulher que viu o médico se atrapalhar com o carrinho cirúrgico. Susan, porém, acredita que nesses casos a audição estaria ainda em funcionamento - já que é o último dos sentidos a ser perdido -, e a mente seria capaz de criar aquela imagem visual.
Os pesquisadores que defendem a "distinção entre mente e cérebro", no entanto, não veem grande coerência nessas teorias. Alegam que, naqueles instantes de morte, os aparelhos de eletroencefalograma não deixam dúvida: não há atividade cerebral. No entanto, outros três estudos feitos no século 21 questionam a ideia de total "desligamento" do cérebro. Sugerem que as máquinas monitoram, principalmente, a atividade na superfície do órgão. O monitor mostra a linha reta, mas outras partes mais internas podem estar em atividade. É o caso do lobo temporal, o "núcleo" do cérebro.
Um experimento em especial parece sugestivo. Os voluntários receberam estímulos elétricos na região do cérebro conhecida como giro angular direito, que é parte do lobo temporal. Com uma certa intensidade de estimulação, os voluntários disseram se sentir "como se estivessem afundando na cama". Estímulos mais fortes produziram relatos como "estou acima do meu corpo e o vejo estendido" - é que essa parte do cérebro é a responsável por delimitar a percepção sobre onde termina e corpo e onde começa o mundo exterior. Nos primeiros instantes de parada cardía­ca, então, essa região continua ligada, só que em parafuso. Daí para ela agir como nos experimentos em que está sob uma descarga forte de impulsos elétricos é um pulo.
Mas Sam Parnia, apesar de não ser brasileiro, não desiste nunca. Ele preparou uma experiência bem maior para caçar seus fantasmas. O inglês agora trabalha para recrutar hospitais pelo mundo todo que topem instalar placas pelo prédio ou apenas permitir entrevistas com os sobreviventes de paradas cardíacas.

ciência espíritaIlustração: Patrick Melgaço

Alexander Moreira-Almeida

Psiquiatra da Universidade Federal de Juiz de Fora
Pesquisa experiências de quase morte e curandeiros mediúnicos

Essa é a pesquisa que Alexander Moreira-Almeida está fazendo com ele. O brasileiro é o braço direito de Parnia por aqui. Três hospitais aceitaram a parceria (Santa Casa, Hospital Universitário e Monte Sinai, todos de Juiz de Fora, a cidade de Alexander).
Aos 6 anos, a menina reconheceu um parente: o cunhado que tivera em uma vida passada.

Fenwick também está nessa: acertou parcerias com hospitais do Reino Unido, da França e da Austrália. "Esperamos conseguir compilar 1 500 relatos de EQMs. Se alguns pacientes conseguirem relatar o texto das placas, poderemos demonstrar que a mente e o cérebro são coisas distintas", diz. Por "distinção entre mente e cérebro" entenda uma consciência que existe independentemente do corpo. Mas é só um jargão. Na rua as pessoas chamam isso de "espírito", "alma", "fantasma."
O jargão também serviu para batizar o primeiro evento brasileiro dedicado às pesquisas sobre o além, o "I Simpósio Internacional Explorando as Fronteiras da Relação Mente e Cérebro", em (de novo) Juiz de Fora. Foi um ciclo de palestras em 2010 que reuniu 9 cientistas da área, entre eles Fenwick e Alexander. Na pauta, relatos de experiências transcendentais, como as que você viu aqui, filosofia e surrealidades da física quântica (que até tem seu lado"espírita": partículas aparecem e desaparecem do nada no mundo subatômico, por exemplo, mas isso é ciência tradicional mesmo).
Bem mais fora do comum, porém, é outro assunto que estava na pauta do seminário: as pesquisas com reencarnação. Como vocês, um dos maiores especialistas nessa área, que também esteve no simpósio: Erlendur Haraldsson, do Departamento de Psicologia da Universidade da Islândia.

ciência espíritaIlustração: Patrick Melgaço

Erlendur Haraldsson

Psicólogo da Universidade da Islândia
Busca evidências concretas de reencarnação


Reencarnação

Haraldsson passou duas décadas investigando reencarnação. Seu objeto de pesquisa são crianças que alegam terem recordações de uma vida passada. É o caso de Wael Kiman, um menino do Líbano.
A partir dos 4 anos, ele começou a dizer aos pais que seu nome, na verdade, era Rabin, que tinha sido adulto e que seus pais viviam na capital do país. Com o tempo, passou a acrescentar detalhes. Os pais da outra vida moravam numa casa perto do mar, que tinha uma varanda baixa, de onde ele costumava pular direto para a rua. Ele também tinha uma segunda casa. Mas para essa ele só podia ir de avião. Delírio? Parecia. Tempos depois, porém, os pais de Wael identificaram uma família da capital que havia perdido um filho adulto e que se chamava Rabin; então levaram o pequeno Wael para visitá-los. Durante a visita, ele apontou para uma foto do morto e disse que era sua. A casa ficava perto do porto, e tinha uma varanda baixinha. Para completar, o rapaz vivia nos EUA na época em que morreu. Ou seja: ia para sua segunda casa de... avião.
No simpósio, Haraldsson também contou a história de Tsushita Silva, uma menina do Sri Lanka que afirmava que numa outra vida tinha morado numa cidade próxima, estava grávida e havia morrido ao cair de uma ponte. O pesquisador, então, visitou a tal cidade e localizou a família de uma certa Chandra Nanayakkara, que morrera ao cair de uma ponte nos anos 70. Chandra estava grávida de 7 meses.
Outro caso é o da garota Purnima Ekanawake, do Sri Lanka. Quando ela e a mãe presenciaram um acidente no trânsito, Purnima tentou tranquilizá-la: "Não se preocupe com isso. Eu vim para você depois de um acidente também". Na vida passada, segundo ela, um ônibus a atropelara. Também disse que a antiga família fabricava incensos. Ela lembrava até da marca: Ambiga.
Os pais começaram a investigar e encontraram o dono dessa fábrica de incensos. Ele disse que seu cunhado Jinadasa tinha morrido atropelado por um ônibus. Quando levaram Purnima à casa do sujeito, ela, então com 6 anos, reconheceu o dono da fábrica como seu "cunhado". Purnima seria a reencarnação de Jinadasa. A menina também mostrou uma marca de nascença. Disse que era onde os pneus do ônibus tinham passado.
Haraldsson conheceu a garota em 1996, quando ela tinha 9 anos. Como de costume, ele entrevistou, separadamente, a garota, os familiares e os vizinhos para saber quando e como as lembranças apareceram. Investigou também se havia a possibilidade de a garota ter tido acesso àquelas informações por meios normais. Mas não existia qualquer ligação entre as famílias, e elas moravam em lugares distantes.
Viagens para fora do corpo, do ponto de vista cético, são umtilt do nosso sistema de gravação de memórias.

As evidências lhe pareceram fortes, sem armações. Haraldsson, então, investigou o acidente que matou Jinadasa. Com a permissão de um tribunal local, teve acesso ao obituário completo do rapaz. As principais fraturas foram localizadas no lado esquerdo do peito, com várias costelas quebradas, que penetraram os pulmões. A marca de nascença de Purnima fica no lado esquerdo do peito. O psicólogo islandês não tem uma teoria sobre as marcas de nascença. Mas outro pesquisador de reencarnações, o psiquiatra americano Jim Tucker, da Universidade da Virgínia, arrisca: "Sabemos, por meio de trabalhos de outras áreas, que imagens mentais podem, por vezes, produzir efeitos muito específicos no corpo. Meu pensamento é que, se a consciência sobrevive, ela carrega as imagens dos ferimentos fatais, afetando o desenvolvimento do feto", diz. De acordo com Tucker, na Índia, um terço dos casos investigados de reencarnação inclui marcas de nascença - em 18% deles, registros médicos amparam as semelhanças.
Desnecessário dizer que as pesquisas com reencarnação são severamente criticadas pela academia. Não parece ser coincidência que a esmagadora maioria dos casos estudados ocorra em países onde a crença em reencarnação é largamente disseminada, caso do Sri Lanka. Haraldsson, por exemplo, teve facilidade em encontrar casos por causa do apoio da mídia. Nos veículos de comunicação de lá, histórias de reencarnação ganham espaço de destaque. E a visita de pesquisadores como Haraldsson também. Quem tiver uma história bem contada, então, tem chance de ficar famoso - daí para surgirem fraudes elaboradas é um pulo.
Também é comum que os pesquisadores só tenham acesso a histórias assim quando os pais da criança já "encontraram" a família da outra vida dela, como no caso de Purnima. Isso complica o processo de checagem das informações. É difícil identificar quais eram as afirmações originais do suposto reencarnado e o que ele aprendeu sobre a pessoa falecida a partir do momento em que entrou em contato com a família dela.
Mais: por um lado, os informantes tendem a "esquecer" as afirmações da criança que não coincidem com a vida da pessoa que acreditam que ela foi. Por outro, colocam na boca dela informações que só foram obtidas depois, quando as duas famílias já estavam em contato.
Com tantas evidências contra, é difícil não acreditar que os pesquisadores de reencarnações, EQMs e afins se movam mais pela fé do que pela curiosidade científica. Mesmo assim, continua sendo uma forma de ciência, já que a busca é por resultados concretos. Se um dia eles vão chegar a esses resultados?
Quem viver verá. E quem morrer também.